domingo, 10 de março de 2013

vaga-lume (poesia prosaica a quatro mãos)



Farol de neblina
mente pirilampa
no painel do carro a estampa
mulher, filha, já faz quanto?
ele ainda lúcido
elas ainda meninas
a luz apaga num instante
e quando acende já era outro chão
vazio
golpe seco
seca o frio
Os olhos correm afoitos em volta do carro, se fixam na janela e nos retrovisores. As luzes se apagaram. Nada se vê. Só o silêncio de metal do automóvel. Nina, a mais velha, pega uma lanterna dentro da bolsa e aponta o feixe de luz para o motorista. Ele, que antes ocupava o cargo de avô, só consegue dizer: "Não vejo mais. Não vejo nada"
Olhos secos, mãos molhadas
cobertor e um rajada de vento
um momento de dor aliviada
um luz, uma cruz, de novo a estrada
engolindo a sombra branca borrifada
noite que não passa de mais um esquecimento
que não sabe mais
que não teme mais
que não sente mais nada.

Mara e Wagner

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